


🚤 A História da Jangada – Da pesca ancestral ao turismo cultural em Porto de Galinhas
A jangada é muito mais do que uma embarcação: ela representa um elo vivo entre passado, presente e futuro das comunidades litorâneas do Nordeste brasileiro, especialmente em destinos turísticos como Porto de Galinhas, no município de Ipojuca – PE.
🌍 Uma origem milenar
Estudos arqueológicos apontam que as primeiras embarcações surgiram ainda na Idade da Pedra, por volta de 8.200 a.C, no período Mesolítico. Eram canoas feitas de troncos ocos, utilizadas por comunidades pré-históricas para pesca, agricultura, transporte e navegação costeira.
Mais tarde, no período Neolítico (10.000 a.C. a 3000 a.C), surgiram as primeiras embarcações a vela, o que marcou o início das grandes expedições marítimas, impulsionando o comércio e as explorações ao longo das costas da Ásia e da África.
⚓ Influências africanas, indígenas e portuguesas
A chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500, trouxe não apenas novas culturas, mas também o contato com embarcações semelhantes às jangadas, observadas por eles pela primeira vez na Índia, chamadas “jang” ou “xanga” — amarrações simples de troncos com cordas de fibras naturais.
No litoral brasileiro, os portugueses se depararam com as embarcações indígenas conhecidas como piperi ou igapeba, também feitas de troncos amarrados com cipós. A semelhança levou à adoção do nome jangada, já registrado em suas expedições.
Com o tempo, o conhecimento dos indígenas, somado à sabedoria artesanal dos africanos vindos de Moçambique, e à engenharia náutica europeia, resultou na construção da jangada tradicional nordestina — leve, flutuante e resistente, ideal para navegar entre recifes e águas rasas.
🛠️ Engenharia artesanal e saber ancestral
A tecnologia da jangada é fruto da ciência empírica do povo. Suas estruturas são feitas artesanalmente, sem uso de pregos ou metais. Toda a fixação é feita com encaixes e amarrações de cordas de fibras vegetais.
Os materiais tradicionais envolvem:
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Madeiras leves como a balsa ou o piúba
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Velas artesanais
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Cordas trançadas à mão
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Remo (jacumã), bancos de navegação, redes de pesca, âncoras e samburás (cestos para peixes e utensílios)
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Essa embarcação representa um conhecimento oral e prático passado de geração em geração, preservado até hoje por mestres jangadeiros ao longo do litoral nordestino.
🌅 Da pesca à experiência turística
A jangada moderna começou a ser aperfeiçoada na década de 1970, com adaptações para oferecer mais segurança e estabilidade. A pesca artesanal ainda existe, mas a jangada se consolidou como um dos maiores símbolos do turismo no Nordeste, especialmente em locais como Porto de Galinhas, onde conduz visitantes às famosas piscinas naturais de águas cristalinas e recifes coloridos.
Hoje, a jangada é um patrimônio cultural imaterial, presente no imaginário turístico do Brasil e considerada experiência obrigatória para quem visita Porto de Galinhas. O passeio é feito por profissionais locais credenciados pela Associação dos Jangadeiros de Porto de Galinhas, respeitando critérios de segurança, preservação ambiental e valorização cultural.